quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fiquei doente - Parte II

Voltando as questões de saúde.
   No Brasil os planos de saúde particulares estão muito difundidos, a maioria da população luta para ter um e assim não ter que passar o calvário nas filas dos hospitais públicos.
   Chegando aqui em Portugal a maioria do pessoal tenta imediatamente fazer tudo o que fazia no Brasil, sem antes tentar perceber como as coisas funcionam em um país diferente.
   No caso dos planos de saúde acontece muito isso. A brasileirada chega aqui e vê os preços dos planos de saúde super baixinho, em torno de 20 a 50 euros por mês, digo baixinho em relação ao custo dos planos de saúde no Brasil, que podem chegar facilmente a mais de 500 reais por mês.
   Então, vendo logo um preço assim tão reduzido, todo mundo começa a fazer planos de saúde, e se esquecem de se informar e ver que, assim como no serviço público, os planos de saúde são comparticipados, ou seja, você vai pagar um pouquinho cada mês, mas todo serviço que você utilizar, desde uma simples consulta, até internações vão ter um custo adicional. Em média a comparticipação de uma consulta fica em torno de 12,50€, acresce a isso uma taxa anual de adesão, que fica em torno de 50 euros e sempre há reajuste do preço do plano por ano.
   Já vi muitos casos de brasileir@s arrependid@s de terem feito planos de saúde para mesmo assim terem que pagar quando usa, sabendo que no serviço público se paga bem menos.
Outro alerta! Apesar de estarmos em um país de "primeiro mundo", isso não quer dizer que a medicina aqui é melhor ou pior do que no Brasil. Aqui cometem-se muitos erros médicos, há discriminação de médicos e outros profissionais de saúde em relação a imigrantes e também há especialidades médicas que são boas aqui em Portugal e no Brasil não, e vice-versa. Temos no Brasil algumas áreas muito avançadas em medicina, que podem ser melhor tratadas lá. Portanto se tiver dúvida sobre algum diagnóstico, peça outra opinião até se sentir confortável e segura(o) do seu encaminhamento médico.

   Agora uma outra informação. Se você ficar doente, algo não muito grave, uma indisposição, uma espinhela caída, ou outra ziquizira qualquer, e você faltar ao trabalho e o médico te der uma baixa médica de 1,2 ou 3 dias, essas baixas serão descontadas do seu salário. Só uma baixa acima de 3 dias de falta é que não há desconto. Mas atenção, quem cobre os seus dias de falta é a Segurança Social, ou seja, por exemplo: você recebe do médico uma baixa de 5 dias, e vai a segurança social entregar essa baixa para receber os cinco dias, não é o patrão que paga as suas faltas, ele irá descontar do seu salário e o complemento virá posteriormente pela Segurança Social. Tudo isso claro se seu patrão faz os devidos descontos salariais para a Segurança Social, e se os faz em dia, porque se houver alguma dívida ou furo nas suas contribuições você perde todo o direito.
   Caso você não tenha descontos, seja lá pelo motivo que for, e venha a ficar doente e precise faltar, vá mesmo assim ao médico, peça uma declaração com os motivos da sua doença, com os dias que precisa ficar em casa e toda informação que puder. Digo isso porque quando o trabalhador tem uma relação precária de trabalho e falta  por motivos de doença, muitos patrões se aproveitam dessa situação para fazer uma demissão por justa causa, por você ter faltado ao trabalho, e se você tiver papéis que comprovem que você se ausentou por motivos de saúde você pode recorrer a essa demissão arbitrária.

Portanto minha gente, vamos cuidar da saúde, não vamos ter medo de ir aos hospitais. Se você não cuidar de si, ninguém mais o fará!

domingo, 26 de setembro de 2010

Fiquei doente e agora?

Vamos falar de saúde!
   Essa é uma questão muito delicada para tod@ e qualquer imigrante. Em um momento de fragilidade, quando ficamos doente e  estando em um país estranho e longe de nossos amig@s e familiares, vem a tona todos os tipos de medo e insegurança.
   Aqui já vi muitos casos de brasileir@s se recusarem a ir ao hospital público, com medo de ser pego pela polícia por não ter residência. ISSO NÃO É VERDADE, NENHUM IMIGRANTE É PRESO OU LEVADO PELO SEF EM HOSPITAIS OU SERVIÇOS DE URGÊNCIA.
Independente da tua situação no país, você tem direito a um atendimento médico, basta somente apresentar um documento de identificação, repito, não é preciso estar regularizado para poder usar os serviços de saúde.
   É claro que há muita confusão nos serviços administrativos de saúde, que se guiam pela lógica do senso comum e por vezes discriminam @s imigrantes irregulares, por achar que imigrantes sem residência não tem direito a nada. Mas isso é uma mentira, e a saúde é um direito humano universal, e se caso você venha a ser impedid@ de ter qualquer tipo de tratamento por esse motivo, reclame, peça para falar com alguém superior e deixe uma queixa no Livro de Reclamações.
   O sistema de saúde pública português é universal, mas comparticipado, o que quer dizer que cada cidadã(o) paga uma taxa mínima pelos seus serviços. Uma consulta fica em torno de 2,50€, e uma consulta de emergência fica em torno de 9 €. Tudo está tabelado, é preço fixo que você pode saber de antemão para evitar de ser burlad@. Essa taxa fica um pouco maior caso você não tenha feito descontos para a segurança social.
   Aqui acontecem a maioria das confusões, porque muitas vezes @s imigrantes tem em dia sua contribuição na segurança social, mas não estão regularizados, e os serviços de saúde registram as pessoas nos centros de saúde como temporárias, ou seja,  os utentes (usuários) temporários são os que pagam as taxas maiores. Porém essa categoria temporário se enquadra para aquelas pessoas que não estão contribuindo para a Segurança Social, e não para casos de imigrantes irregulares. Toda e qualquer pessoa que paga a Segurança Social tem direito a ter um registro permanente nos centros de saúde e pagar as taxas menores. Atenção a isso, porque muitos imigrantes estão pagando a mais os serviços de saúde sem saber.
   Você tem que fazer a inscrição no centro de saúde (posto de saúde no Brasil) do seu bairro, não pode ser em outro. Para a inscrição é preciso levar um documento de identificação, um comprovante de morada e seu número da segurança social. No centro de saúde vão lhe atribuir um médico de família, que vai te acompanhar em todos os seus casos de enfermidade, se precisar de algum tratamento especializado, este só pode ser indicado pelo seu médico de família. Geralmente seu médico de família será o mesmo para toda a sua família, o nome não é por acaso. Muitas vezes há falta de médicos de família nos centros de saúde, e você então passa a ser atendido pelo médico do dia, até chegar a sua vez de ser atribuído um médico permanente.
   Para saber qual o centro de saúde do seu bairro basta ir a Junta de Freguesia se informar.

No próximo post falarei das diferenças entre o sistema de saúde pública e os planos de saúde privados.
até já!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Oferta de Emprego III

   Voltando a mais um post sobre trabalho, hoje vou falar um pouquinho sobre outras áreas em que a comunidade brasileira mais trabalha.
   Podemos começar com o que se chama aqui restauração, que é trabalhar em bares, restaurantes, lanchonetes, enfim, trabalhar como garçon ou garçonete, servindo mesas( empregado-a de mesa), ou no balcão (empregada-a de balcão).É um trabalho pesado, geralmente de 12h e que paga em média de 600 euros, mas se você estiver começando é capaz de lhe pagarem o salário mínimo de 475 euros. Aqui muitos restaurantes fazem dois turnos, que começa de manhã até as 15h e depois reinicia para o jantar as 19h, e você fica com 4h de intervalo.
A comunidade brasileira é muito bem vista para trabalhar com o público por ter a característica de servir bem e ser simpática com os clientes, por isso consegue-se também muitos trabalhos em lojas de roupas.
Outro ramo é o da estética, até hoje eu fico impressionada com a quantidade de salão de beleza que há em Lisboa, qualquer metro quadrado vira um salão, e lá sempre tem alguma brasileira ou também brasileiros trabalhando. É interessante notar que a estética brasileira é muito referenciada, você vê os anúncios do tipo: escova permanente brasileira, manicure do tipo brasileira e por aí vai. Muita gente começa por aí e depois até consegue abrir seu próprio salão, mas a meu ver é um negócio muito saturado de concorrência.
Trabalhos que há sempre são o de doméstica e o trabalho nas obras, mas em compensação são os piores para se trabalhar. Nesses ramos já ouvi de tudo, desde pessoas que trabalharam 3 meses e nunca viram a cor do salário, mulheres acusadas de roubo pela patroa e também acabaram trabalhando de graça, casos de humilhação, etc. Só recomendo essas áreas para os casos de muito aperto financeiro.
Há também muita procura por babás (amas), seja para trabalhar em creches ou na casa das pessoas.
De biscates para poder se virar por uns tempos temos os entregadores de publicidade e trabalhar fazendo mudanças. Não pode é ser camelô, isso não existe por aqui, não dá para ficar vendendo o que quiser pela rua, pelas praias e eventualmente em shows, e também não há guardadores de carros. Para se vender qualquer coisa na rua, tem que ver os lugares específicos e pagar taxas a prefeitura e guardadores de carro é realmente proibido.
   Essas são algumas das áreas onde a comunidade brasileira mais consegue trabalho, o que não quer dizer que qualquer outro tipo de emprego não seja viável, tudo vai depender das circunstâncias.
   Quem quiser dar uma olhadinha nas ofertas de emprego em Portugal recomendo o site da Net Empregos http://www.net-empregos.com/ e o jornal Ocasião http://www.ocasiao.pt/, este jornal é tipo o Balcão do Rio de Janeiro, com todo tipo anúncios possíveis e imagináveis.

Boa sorte a todes os aventureir@s!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tá Desempregado(a)? Então vem com a gente!

Você que tá aí parad@, desanimad@, não vendo muitas perspectivas de trabalho pela frente, te proponho uma coisa.
Que tal participar de um tipo de teatro para pessoas desempregadas?
Aí você vai me perguntar.Pra quê, ora bolas?
e eu te digo:

  • Para não ficar parad@
  • Para conhecer pessoas e contactos
  • para espantar a apatia
  • para ganhar ânimo
  • para aprender e ensinar
  • para extravazar
para tudo e mais um pouco.....

A idéia é fazer um Ensaio sobre o desemprego: proposta de oficina de Teatro d@ Oprimid@/Teatro Fórum quebrando isolamento, experimentando a acção colectiva.



A sessões vão se realizar nos dias 26, 27 e 28 de Setembro, nas instalações do Sindicato da Hotelaria do Sul (Páteo do Salema, nº4, Lisboa; perto do Largo de São Domingos e do Rossio), nos seguintes horários:
Dia 26, domingo: das 14h às 19h;
Dias 27 e 28, segunda e terça: das 10h às 13h; das 14h30 às 18h.
Local: A oficina realizar-se-á nas instalações do Sindicato da Hotelaria do Sul (Páteo do Salema, nº4, Lisboa).
A apresentação publica realizar-se-á a 29 de Setembro em hora e local a definir.


Maiores informações você pode encontrar em http://ensaiosobreodesemprego.blogspot.com/

Vai nessa, experimentar fazer algo diferente por você.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Brasileir@s - @s mais devolvid@s

Deu semana passada a seguinte notícia:

Brasileiros são os mais barrados em aeroportos da Europa no 1º trimestre - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Comissão
Europeia, Jose Manual Barroso, não perdem a oportunidade de declarar
que Brasil e União Europeia (UE) são aliados. Mas, nas fronteiras, a
realidade é diferente. Dados da Frontex - agência europeia de controle
de fronteiras - mostram que, no primeiro trimestre de 2010, os
brasileiros foram os mais barrados em aeroportos da Europa.
(O Estado de São Paulo, 07/09/10:

Desde 2008, quando foi aprovado pelo parlamento europeu a Diretiva do Retorno, ou popularmente chamada de diretiva da vergonha, que as fronteiras da Europa estão ficando cada vez mais estreitas, ou seja a maré não está para peixe.
   Hoje a dica vai para quem está mesmo prestes a viajar. Primeiro é preciso entender que qualquer pessoa pode ser deportada, e o que esta onda de deportações demonstrou foi exatamente isso. Desde brasileiros turistas, candidatos a imigrantes, até doutores palestrantes de congressos internacionais foram deportad@s.
   Mas como acontece o processo? 
   Quando você chega ao aeroporto, você passa pela imigração onde uma pessoa vai olhar teu passaporte, tua passagem, vai olhar para tua cara e pode te deixar passar ou não. As vezes lhe fazem algumas perguntas, e como já falei no post Ninguém é Ilegal, brasileir@ gosta de falar, e começa a dar elementos para qualquer tipo de desconfiança.
   Sendo barrad@ na imigração você é levad@ para uma "salinha" ou para os Centros de Instalações Temporárias, que são uma espécie de mini prisões que existem sempre perto dos aeroportos e para onde são levadas as pessoas que serão deportadas. Nesses locais é onde geralmente você será interrogad@. Em Portugal 50% das pessoas que se encontram nos Centros de Instalações Temporárias são brasileir@s.
   Importante sempre nesses casos é manter a calma, por mais que usem de todos os métodos psicológicos de intimidação, e acredite vão usar. Vão te perguntar de tudo um pouco, e repetidas vezes as mesmas perguntas para ver se você cai em contradição e também para te cansar. É fundamental sempre responder o mínimo necessário. Peça, se for o caso, a presença de um tradutor (a), e se não entender as perguntas, peça para repetirem.
   Os relatos sobre os "Centros de Detenção temporária" sempre remontam à falta de comida, maus tratos, isolamento, falta de informação, etc. Sabendo que será deportad@, não se sinta derrotad@, sempre exija seus direitos. Peça água quando tiver sede, peça comida quando tiver fome, peça um agasalho se tiver frio. Você tem direito a uma ligação e receberá um cartão telefônico internacional para isso. Antes de ligar pense bem para quem vai ligar, lembre das diferenças de horários para conseguir achar as pessoas, dê preferência para ligar a telefones fixos para durar mais a ligação, pense antes no que vai falar, procure ligar para uma pessoa mais calma e conte a situação, peça para que essa pessoa entre em contato com o consulado brasileiro do país em que você se encontra e informe sobre a sua situação. Atenção: nunca assine nenhum papel sobre pressão sem antes ter completo conhecimento do que está assinando, e lembre-se sempre de manter a calma.
   Ser deportad@ não é uma experiência agradável, e muitas violações dos direitos humanos são cometidas nessas situações. Portanto se isto acontecer contigo, ou se já aconteceu,  denuncie! Fale, divulgue, bote a boca no trombone, pois só assim, tanto os governos brasileiros, quantos os europeus serão responsabilizados sobre o que está se passando.
   Vale lembrar que a minha intenção neste blog não é de assustar ninguém, mas sim dar algumas dicas para aquelas pessoas que porventura venham sofrer alguma situação desconfortável em sua viagem ou processo de imigração. Muita gente desconhece em absoluto o universo fora de seu país de origem, e minha intenção é fazer saber que há coisas a ter muita atenção.
   E já sabe, qualquer coisa é só chamar!

Ps: post com o apoio de Benoit Guichard






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ofertas de Emprego II

   Apesar de estarmos em uma tremenda crise de desemprego, ainda há certas áreas deficitárias de mão-de-obra. Aqui em Portugal a área mais deficitária no momento é de cuidadores de idosos, ou cuidadores familiares, ajudante familiar, etc. Esses são os diversos nomes que se dá para aquela pessoa que vai trabalhar cuidando de pessoas idosas, sejam em asilos, ou nas casas das famílias. Podem ser pessoas idosas doentes ou não, se for o caso de haver algum tipo de enfermidade, geralmente é sempre exigido algum conhecimento de enfermagem, ou coisa similar.
   Essa área tem imensas ofertas de emprego diariamente, isso porque Portugal é o país que mais tem idosos na Europa, até os centros sociais de idosos, os asilos, estão sobrecarregados, há inclusive uma medida do governo para promover na população a adoção de idosos, mediante uma contribuição governamental para as despesas.
   A comunidade brasileira é muito atuante neste setor, mas por vezes encontra dificuldades em receber uma remuneração adequada à sua formação devido àqueles problemas de reconhecimento de diplomas de que falei no post Vão começar as aulas.
   Trabalhar cuidando de idosos em casa de família requer a atenção de saber definir muito bem quais serão suas tarefas, porque a tendência é que as pessoas que te contratam acabem empurrando tarefas do serviço doméstico. É preciso ter firmeza para exigir um contrato de trabalho, onde estejam bem definidas as suas funções, o pagamento de horas extras, as folgas semanais, férias, etc. Essa dica vale para todo e qualquer tipo de trabalho, mas sabemos que aqueles ramos onde há falta de trabalhador@s fica mais fácil para estes poderem exigir seus direitos, pois se um patrão não quer fazer o que se deve, logo há outros querendo.
   Voltando ao caso dos trabalhos com idosos em casa de família, deve-se prestar atenção também com as acusações de maus tratos aos idosos, pois muitas vezes esta desculpa é usada como argumentação para demitir as pessoas. Portanto se algo assim estiver acontecendo, peça que toda acusação seja posta em papel, para que fique registrado e ambas as partes fiquem com uma cópia. Sua resposta também deve ir por escrito. Isso evita bate-bocas e te deixa seguro de provas caso venha acontecer algum tipo de processo ou mesmo caso você queira apresentar alguma queixa trabalhista na ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho). Esta agência é um órgão do governo para fiscalizar as relações entre patrões e trabalhador@s. Lá qualquer trabalhador(a) pode fazer queixas de abusos, falta de pagamentos, demissões indevidas, etc, e funciona. Por experiência própria digo a vocês que vale uma visita a ACT para informar seu caso de trabalho, seja ele qual for. Se estiver tendo algum problema no seu emprego não hesite em perguntar a ACT. Sobre o salário tenho uma vaga noção, mas creio que seja mais de mil euros, sem as horas extras.
   Em um próximo post falarei sobre as outras áreas onde a comunidade brasileira costuma mais trabalhar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aqui vai um convite!

   Pois é, por falar em emprego e desempregos, está marcado para o dia 29 deste mês de Setembro uma Jornada Européia de Protesto contra o Desemprego e as Injustiças.
   A proposta é ter um dia europeu de greve e paralisações para denunciar e lutar contra essa "crise" financeira que só aperta mesmo o cinto d@s trabalhador@s, porque os ricos estão muito bem e obrigado, como pode ser ver nessa notícia http://www.swissinfo.ch/por/Capa/Archive/Ha_cada_vez_mais_milionarios_na_Suica.html?cid=3354576, que diz que há cada vez mais milionário na Suíça!
   Estarão participando desta manifestação vários países da Europa, e aqui em Portugal haverá uma mobilização em Lisboa, no Marques do Pombal e outra no Porto na Prª dos Leões e na Prªda Batalha, sempre as 15h.
  • Para você que nunca foi a uma manifestação, essa é uma boa oportunidade de conhecer uma, e das grandes! Se ficares acanhad@ pode ficar andando do lado, como quem está só passeando e foi peg@ de surpresa.
  • Para você que tem medo,  que acha que essas coisas sempre acabam em confusão, eu digo: deixa de ser medros@, porque a confusão quem arruma sempre é a polícia, portanto é simples, se não quiser ver confusão é só ficar longe dos policiais.
  • Para você que sempre achou essas coisas de manifestação, protesto, passeata tudo uma grande palhaçada, que não resolve nada, te deixo o convite na mesma, para te desafiar a ver as coisas com outros olhos e quem sabe ganhar uma nova perspectiva das suas certezas. Caso eu esteja errada e você cert@, ainda assim você não perde tempo, porque afinal palhaçada sempre tem graça, não é?! Portanto compareça também!
  • Para você que já é de luta, nos vemos lá :)

sábado, 11 de setembro de 2010

Ofertas de Emprego!

   Vamos começar a falar de trabalho. Mas como esse assunto é grande e espinhoso vamos por partes, cada dia falo uma coisinha.
   É de salientar que Portugal não está passando por um bom período de emprego. É a tal da crise, podemos dizer sim, que está passando por um bom período de desemprego, já ultrapassando a taxa dos 10% de desempregad@s (os dados oficiais, ou seja, a coisa tá preta!).
   Agregando ao fato de termos um elevado índice de desemprego, temos uma imensidão de gente em trabalho precário (aquele trabalho em que não pagam horas extras, que não tem carteira assinada, que te exploram pior que burro de carga e por aí vai...) e outra imensidão de gente em trabalhos informais, ou seja, uma galera dando seu jeitinho.
   Mas vamos as dicas.
   Aqui não há carteira assinada, mas sim contratos de trabalho, e você não é um trabalhador(a), mas sim um colaborador(a). Portanto se você ler um anúncio onde estiver precisando de colaborador(a) que tenha seu perfil, agarre nele e vá em frente, não vá pensando que é trabalho voluntário para você colaborar com alguém!
   A grande diferença entre a carteira assinada e os contratos de trabalho é que a carteira assinada no Brasil é uma só e de um jeito para todo mundo, tem aqueles 3 meses de experiência, mas depois que assinou, tá assinado. Já os contratos de trabalho aqui são muitos e bem diversos. Tem o contrato a termo certo, a termo incerto, sem termo, tem gente que trabalha sem contrato e depois vira efetivo na empresa que é melhor que ter contrato, enfim  eu sei que  é meio confuso e contraditório, mas o importante é ler muito bem o contrato que estão te passando, porque podem te prometer uma coisa e depois te empurrarem outra.
   Para além disso tudo há os recibos verdes. Quem entra na onda dos recibos verdes são @s chamad@s trabalhador@s precári@s, porque os recibos verdes são para os tais prestadores de serviços, ou seja, você é contratado para prestar um serviço pontual, passa um recibo do valor que recebeu pelo serviço e fim. Mas a verdade é que muitas empresas contratam pessoas por recibos verdes porque não precisam pagar impostos, nem segurança social, podem terminar a relação de trabalho quando bem entender e outras coisinhas malévolas. Nos recibos verdes todos os encargos financeiros ficam por conta d@ trabalhador(a) e aqui são pesadíssimos e não há como não pagar. O equivalente no Brasil aos recibos verdes são as pessoas que constituem uma pessoa jurídica, são os famosos terceirizados.
   Uma coisa que aqui tem bastante são os trabalhos part-time, ou seja, trabalho de meio período, geralmente de 4h, mas os trabalhos part-time de costume não são trabalhos muito qualificados e nem de boa remuneração, mas pode ajudar a quebrar um galho para quem está na pior.
   O salário mínimo em Portugal é de 475 euros, que pode ter um acréscimo de subsídio alimentação de uma média de 5 euros diários. 
 Quais são as áreas de empregos promissoras e as escravizadoras para @s imigrantes é assunto que deixo para amanhã.
ATENÇÃO: Aqui você faz um biscate, aquele servicinho para garantir a cervejinha do fim de semana, se você disser que vai fazer um bico para ganhar uma graninha é o mesmo que dizer que vai fazer certas indecências....

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vão começar as aulas!

   Semana que vem começa o ano letivo em Portugal. Para você que pensa em fazer faculdade por aqui, sem vir com um bolsa do Brasil, atenção! Pense 2 vezes.
   Aqui todo o ensino universitário é pago, inclusive o público.
   Vamos directamente aos preços. Um curso universitário custa em média mil euros por ano, pode ser pago de uma só vez, ou em quatro vezes (há poucas variações de universidade para universidade).Atenção! Quando você entra na faculdade no Brasil, você vai fazer Bacharelado, aqui o termo usado é Licenciatura. A licenciatura no Brasil é um complemento de mais 2 anos no bacharelado para aqueles que querem dar aulas.
   Voltando aos preços. Mil euros por ano é o preço da propina, ou seja, a mensalidade anual do curso que você vai escolher. Fora isso tem inscrições, taxa disso, taxa daquilo. Os mestrados custam em torno de 2 mil euros no total, e o doutorado em torno de 6 a 8 mil. Vale lembrar que esses valores valem mais para a área de humanas, que é a minha!
   Acontece um porém. Quase a totalidade das faculdades vão pedir o reconhecimento do seu diploma (seja ele de 2º grau, de bacharelado, etc). Esse procedimento vai lhe custar mais uns 500 euritos em média, porém esse "reconhecimento" só serve para a faculdade que você está se inscrevendo. Reconhecimento não é o mesmo que equivalência.
   O processo de equivalência de um diploma é complicadíssimo, caro (você paga por volta de mil euros adiantados sem ter a certeza de que receberá a equivalência) e demorado (em média de um ano para ser concluído). Tudo isso porque no processo é avaliado todas as matérias que você fez, se estão de acordo com o curso ao qual você está pedindo equivalência. Se eles acharem que está faltando uma matéria, um conhecimento, ou sei lá o que, você terá que cursar o que falta em Portugal para poder completar a sua equivalência, ou seja, gastar mais tempo e dinheiro. Geralmente quem precisa de equivalência são as pessoas com profissões tipo enfermagem, engenheiro, arquiteto, que precisam da equivalência do diploma para poderem exercer sua profissão. Para você que tem só a intenção em dar continuidade a seus estudos basta um reconhecimento.
   Importantíssimo é trazer do Brasil seu diploma e histórico escolar carimbados pelo Consulado Português, isso vai evitar muita dor de cabeça. Também morre um dinheiro nessa história, mas se você não trouxer tudo com os devidos carimbos vai morrer em mais grana e burocracias.
   Infelizmente o processo de Bolonha, que foi o processo de mercantilização do ensino universitário europeu, afunilou economicamente o acesso as universidades, além de instrumentalizar o conhecimento acadêmico para o mercado de trabalho. Entrar em uma faculdade portuguesa não é difícil, só é preciso ter dinheiro, e no caso d@s imigrantes um pouquinho mais. O contraditório nesse processo é que, no caso das pós-graduações, você pode conseguir acesso ao curso pretendido pela análise do seu currículo, e as vezes por uma entrevista, onde vão comprovar que tens capacidades e habilidades adquiridas ao longo da vida para poder fazer a universidade. Porém nas alíneas reservadas aos estudantes estrangeiros sempre vai surgir a lenga lenga dos reconhecimento$ e equivalência$.
   Ao Brasil fica um alerta. Hoje em Portugal e na Europa se discute muito o impacto do processo de Bolonha, a queda da qualidade do ensino, estudantes endividados em bancos e outras bizarrices. O sucateamento do ensino universitário brasileiro é a estratégia primeira para tentar empurrar uma Bolonha amarga pela nossa goela. Se ainda há um movimento estudantil que fique bem atento, pois hoje os estudantes portugueses choram o tempo em que não tinham que se escravizar para estudar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

OUVIRUNDUM!

   Hoje é feriado no Brasil. O Dia da Independência. O Brasil deixava de ser colônia portuguesa em 1822.
Aqui em Portugal a data passa completamente despercebida, eu mesma só fui me dar conta por uns posts sobre o assunto no Facebook.
   Nesses quase 200 anos de independência muitas águas rolaram e nessas águas vinham de lá para cá muitos portugues@s e brasileir@s, atravessando o Atlântico sempre em busca de melhores condições de vida.
Hoje fala-se muito nas comunidades dos países de línguas portuguesas as CPLPs, uma tentativa bonitinha de ter algo de bom para extrair do flagelo que foram as colônias portuguesas (que o diga os países Africanos). Seria uma boa iniciativa se começassem por tratar bem, com o mínimo de dignidade a todos os imigrantes dos países da CPLP, era um bom exercício para começar a por abaixo todo e qualquer mecanismo de xenofobia tão reinante na Europa hoje em dia.
   Essa coisa de lusofonia é engraçada, porque querem promover a circulação de cultura, da língua, de idéias, de projectos, de economia, de um tudo, só não facilitam a circulação de pessoas! Nisso nossos governantes também tem lá sua parcela de culpa, porque muito pouco é feito, falado, discutido ou acordado sobre as condições em que seus cidadãos se encontram em outros países enquanto imigrantes.
   Para mim uma reunião de CPLP deveria começar assim: Então como vai a circulação lusófona por esse mundo? Não era lindo!!! Era, mas agora já estou sonhando demais. Em resumo, o que vemos na verdade é que, pela fachada da CPLPs vai se praticando um neocolonialismo, do qual infelizmente, o Brasil tem lá sua parcela de imperiozinho.
 Aos imigrantes resta-lhe uma fila em separado nos portões da imigração nos aeroportos, onde está escrito: Cidadãos CPLP, só esqueceram de adicionar a informação: não é garantida a entrada!


E agora um hino de independência!


A INTERNACIONAL

De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, ó produtores!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O primeiro ano é o pior!

   O primeiro ano é o pior. Ouvi muito essa frase de outr@s imigrantes brasileir@s quando cheguei em Portugal, e não acreditei muito nela no começo, mas acabou se confirmando uma verdade.
   O primeiro ano é o pior por ser o ano das diversas fases de adaptação. Adaptação ao clima, aos costumes, a comida, ao isolamento, a solidão, etc.
   Assim que você chega no seu destino há aquelas semanas de frisson, tudo é novidade,  você de certa forma está de "férias", conhecendo um outro país, tira muitas fotos e fica em estado de encantamento. Mas ao mesmo tempo tem já que começar a correr atrás da vida, então procura casa, trabalho, tenta seguir seus planos traçados. Mas como alguns dizem, a vida é escrita em linhas tortas, e os teus planos bem traçados começam a ter alguns desvios e desvarios. Então vem aquela sensação de questionamento de tudo, você está distante da vida que sempre teve e começa a repensar toda sua trajetória até chegar a um outro país. Pensa na família, nos amigos, nos erros, nos acertos, vai colocando a vida numa balança e faz algumas promessas para que nesta nova oportunidade tudo venha a dar certo, e talvez esse seja o erro, criar muitas expectativas. E assim a gente vai tropeçando e começa a bater aquele banzo da nossa terrinha, de nosso porto seguro. E então alguém repete mais uma vez, tem calma que o primeiro ano é o pior.
   É pior porque aprendemos um pouco mais da profundidade da palavra saudade, e aprendemos principalmente a viver só. Mas esse é o lado bom da coisa, a gente passa a se conhecer melhor e aprender a conviver melhor consigo mesmo, porque afinal em um país estrangeiro você é a única certeza de alguém com quem pode contar.
   Por isso, se você está passando pelo primeiro ano, por esse turbilhão de emoções e experiências tenha calma. Se tiver em uma fase triste e de desespero, respire fundo e espere alguns dias para a maré ruim passar, não tome decisões precipitadas no calor dos sentimentos. É claro que não estou dizendo que temos que aguentar tudo e mais um pouco, esta é só uma dica mais subjetiva sobre esses momentos que toda pessoa imigrante uma hora passa, que são os momentos de saudade, solidão e questionamento. Se você tem um plano, uma meta, um objetivo, se agarre nele que o vento vai passar, e ao final de um ano, vais olhar para trás e ver o quanto penou, mas também o quanto cresceu e olhando para frente vais continuar a ver o caminho sempre por percorrer.


Back in Bahia
Gilberto Gil
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada
meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não
tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
de sol, de coração prasentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei deparar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem depassar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada
meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não
tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
de sol, de coração prasentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá

domingo, 5 de setembro de 2010

Um Cafofo para morar!

   Morar em Portugal é bem agradável em  comparação ao Rio de Janeiro,  cidade maravilha da beleza e do caos. Em Lisboa tudo é mais calmo e tranquilo, mais silencioso, com outro ritmo de vida. As casas, os apartamentos, os prédios obviamente também são muito diferentes a começar pelo nome das coisas.
   Aqui você arrenda uma casa, não aluga, o termo aluguel é mais usado para alugar lojas, escritórios ou para alugueis de temporada.  E atenção! O termo correto é aluguer, assim mesmo, com erre no final. Aqui o térreo se chama Rés de Chão, ou simplesmente R/C, e geralmente os apartamentos com rés de chão tem sempre um simpático quintal. Como em Lisboa há muitas ladeiras, pode-se encontrar também as caves, apartamentos na parte mais baixa de um prédio em ladeira, esses também geralmente tem um quintal.
   Em muitos prédios você encontra a numeração dos apartamentos dividida entre esquerdos e direitos, ou seja, se você morar no segundo andar, pode morar no apartamento nº 2 esquerdo ou direito. Nos anúncios de arrendamento você vai encontrar coisas do tipo, arrenda-se T3, que quer dizer 3 quartos e o restante, banheiro, sala, cozinha, mas pode encontrar também o termo arrenda-se 3 assoalhadas, que significa sempre uma sala e 2 quartos, nesse caso, também com o resto é claro!

   Mas então é fácil alugar uma casa para morar em Lisboa?
   Eu não acho. Primeiro porque o mercado imobiliário de Portugal é mais voltado para a venda de imóveis e não para o aluguel, o que obviamente faz com que haja poucas ofertas de moradias para alugar, e a procura é sempre maior do que a oferta, o que joga o preço lá para cima.
   Como é costume, (que eu acredito ser em todo canto do mundo), é mais caro morar na região central de Lisboa do que mais para os subúrbios ( para as periferias como chamam por aqui). A diferença no preço do aluguel pode chegar a uns 200 euros, e por vezes compensa, porque Lisboa (e Portugal no seu todo) é muito pequena, a distância das zonas periféricas para os centros é muito curta, e não há nem 10% do trânsito caótico do Rio de Janeiro. O ruim de morar em uma zona periférica é ficar isolado, pois não há muito lazer, os bons hospitais estão no centro de Lisboa, enfim, aquele isolamento também característico desses tipos de (des)ordenamentos urbanos.
   O preço médio de um apartamento, em relativo bom estado, no centro de Lisboa, de dois quartos pode variar entre 500 a 800 euros. Vai depender do local, do estado, etc. Acontece que na região central de Lisboa há muitos prédios antigos, e quando falo antigo, é antigo mesmo, em casos extremos pode-se achar um prédio lá dos idos de 1700....Isso é o outro complicador, porque quando você encontra um apartamento de bom tamanho,ele provavelmente não vai estar inteirinho, quando você encontra inteirinho ele não é de bom tamanho, e quando você encontra um de bom tamanho e inteirinho ele já foi alugado! Tem que se estar preparado também para escadas, afinal prédios antigos não tem elevadores. Outra curiosidade é o fato de não haver porteiros.
   Agora o mais chato de se referir é sobre o problema da discriminação. É frequente casos de proprietári@s que se recusam a alugar apartamentos a imigrantes. Não chegam nem a marcar a visita, já no telefonema identificam o sotaque estrangeiro e dizem logo que o apartamento já foi alugado. No caso da comunidade brasileira há o pré-conceito de que tod@s @s brasileir@s são festeir@s e que sempre vão criar confusões com os vizinhos por causa de barulho, sem falar daqueles que acham que toda brasileira quer alugar um apartamento para fazer de bordel!
   Para essas pessoas só há que se lamentar, por causa de seus preconceitos perdem oportunidades de negócio. Mas se você passar por uma situação dessa e sentir necessidade, há maneiras de denunciar tais discriminações.
   Voltando as burocratices. Geralmente para  alugar um apartamento é preciso pagar um dois meses adiantado, mas se você tiver um(a) fiador(a) paga-se só um. Mais uma vez há a chatice de alguns proprietári@s só aceitarem fiador@s de nacionalidade portuguesa. Há quem faça contrato e há quem não faça. Legalmente os contratos são de cinco anos, mas essa é daquelas leis que não é observada por ninguém, todo mundo faz o contrato de 1 ano no mínimo. Se quiser sair do apartamento convém avisar com 2 meses de antecedência, mas 1 mês também é plausível, e claro os meses que você pagou adiantado do caução ficam de pagamento dos seus últimos dois ou um mês no apartamento. Alguns apartamentos podem estar totalmente ou parcialmente mobilados, ou seja, só com os eletrodomésticos da cozinha que no caso pode incluir a máquina de lavar roupa, pois aqui não há área de serviço nos apartamentos, então a máquina de lavar ou fica na cozinha ou no banheiro.
   Para quem ainda tá chegando de mansinho, com o dinheiro curto, há a possibilidade de alugar quartos em pensões. Há muitas pensões em Lisboa e muitas pensões só de brasileir@s. Um quarto pode variar entre 150 a 200 euros por mês, a variação depende se a pensão fornece tv a cabo, internet, se está reformada, depende do tamanho do quarto, etc. Tem gente que passa a vida morando em pensões, devido a todas as dificuldades listadas acima para alugar uma casa. As pensões tem vantagens e desvantagem (como tudo na vida). É vantajoso pois você conhece muita gente, troca experiências, fica sabendo rapidamente tudo sobre ser imigrante. As desvantagens ficam por conta da falta de privacidade (muitos quartos são compartilhados), briguinhas
Para quem quiser dar uma olhada nos anúncios de arrendamento e de aluguel de quartos pode visitar o site www.ocasiao.pt.
Para quem tiver mais dúvidas pode vir que a casa está aberta!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dicas Culturais

Vamos começar pelo Brasil - Rio de Janeiro

Neste fim de semana e também no próximo, acontece o já badalado evento Santa Teresa de Portas Abertas!
Para quem não conhece, Santa Teresa é um dos bairros mais queridos do Rio de Janeiro, fica perto do centro da cidade, em cima mesmo do bairro da Lapa. Tem um conjunto de casas e prédios antigos, é o único bairro que ainda preserva o transporte em bondinhos e  é também conhecido por lá viverem muitos artistas, pintores, escultores, estrangeiros, etc.
Pensar Santa Teresa de portas abertas é engraçado, porque para mim Santa Teresa sempre me pareceu aberta, acessível, entregue. Talvez fosse o caso de chamar o evento de Santa Teresa de Portas Escancaradas!
Mas afinal o que se passa neste evento? De um tudo. A proposta é que os artistas de Santa Teresa abram suas casas-ateliês para visitação pública, transformando o bairro numa grande galeria. Então basicamente é percorrer o bairro, entrar em casas alheias, ver obras de arte, procurar comidinhas gostosas, curtir uma musiquinha, perambular por uma feirinha, ou só se deixar num canto de esquina com uma cervejinha na mão observando o povo passar pra lá e pra cá.
Bom fica a dica e a saudade...ai...ai...
                                           Santa Teresa "escancarada"

Agora Portugal-Lisboa


Vou falar da dica mais óbvia - FADO.
É bom dizer que Fado, não é somente fado, há alguns tipos diferentes de Fado. Há o Fado vadio, há o fado de Coimbra, o fado castiço, o fado típico e assim vai...
Eu recomendo o Fado da Adega do Ribatejo na Rua do Diário de Notícias nº 23 no Bairro Alto.
Como em todo lugar que toca fado você tem que chegar cedo, por volta das 20h e geralmente assiste-se o fado jantando.
O que eu mais gostei no Fado da Adega do Ribatejo é o fato dele ser cantado pelas pessoas de uma mesma família que te servem a mesa. Estão lá aquelas lindas senhoras, vestidas de preto (como manda a regra) te desejando um bom jantar e em seguida começam a cantar. Mais adiante na noite ainda temos a agradável surpresa de ter a cozinheira (vestida em traje de cozinheira!) a cantar fado vadio. É uma beleza!
Se ainda assim não se sentirem satisfeitos no degustar do Fado, podem subir um bocadinho a rua e parar na Tasca do Chico, outra casota (mesmo pequena) de fado, bem comentada hoje em dia. Mas atenção que a Tasca do Chico não toca fado no fim de semana, porque infelizmente nesse período, a tasca se rende aos ritmos pop do momento para atrair a massa de jovens que vão ao Bairro Alto se divertir (o Bairro Alto é como se fosse uma versão lusitana da Lapa do Rio de Janeiro).
Atenção a uma coisa, quando se fala Silêncio que se vai cantar o Fado, é para fazer mesmo silêncio! Falo isso porque sei do gosto brasileiro em falar desarvoradamente, mas no caso do fado há que se conter!

Bom ficam aqui as dicas e um desejo de bom fim de semana!
                                                    Cozinheira da Adega do Ribatejo cantando fado

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010!

Tá chegando a hora de votar nas eleições de 2010 que vão ocorrer no próximo dia 03 de Outubro.

No Brasil todo mundo sabe que o voto é obrigatório, o que não quer dizer que necessariamente você tenha que escolher algum(a) candidat@, você pode também anular ou deixar em branco o seu voto. Seja qual for a sua escolha, anular, votar em um(a) candidat@, etc, ela é uma escolha política, não há como escapar disso, mesmo você achando que não.
Aqui em Portugal o voto não é obrigatório, o que não quer dizer que seja melhor ou pior do que o sistema eleitoral no Brasil. No Brasil há uma imensidão de eleitor@s inconscientes, ou inconsequentes que vendem seu voto por esperteza ou por necessidade, a obrigatoriedade do voto gera esse tipo de coisa, o comércio eleitoral. Em Portugal o revés da moeda se dá que a maioria da população não vota, ou seja, ficam poucas pessoas decidindo o destino político de todas as outras. A falha nesses dois sistemas, ao meu ver, é da chamada democracia representativa, onde o(a) cidadã(o) só faz representar seus anseios e necessidades votando de tempos em tempos e acaba por aí sua "mais concreta" participação política. É preciso entender que democracia se faz de várias formas, não só da forma representativa, mas parece que é só dessa maneira que querem nos empurrar a política goela abaixo.

Enfim, voltando a algumas coisas mais práticas.
Se você é brasileir@ residente no exterior, só pode votar para Presidente da república, e mais nada, não tem votação pra governador, senador, prefeito, nada. Acontece que você só pode votar se tiver feito a transferência do seu domicílio eleitoral, mas o prazo para fazer isso acabou no dia 05 de Maio deste ano.
Se você não fez a transferência, não vai poder votar e terá que justificar a sua ausência na eleição através de um formulário que é entregue no consulado. Aliás para qualquer pessoa que falte as eleições o procedimento é o mesmo.
Agora começa a confusão. A informação acima é para brasileir@s residentes no exterior. Se você é residente no exterior e já tem o título eleitoral transferido para o seu novo país de residência, mas na altura das eleições você por acaso estiver no Brasil, você não vai poder votar e terá que justificar sua ausência,  nesse caso pode justificar sua ausência no dia da eleição ou 60 dias depois.
Para você votar, tens que levar o título eleitoral e um documento de identificação com foto.
Pelo site da Justiça eleitoral do Brasil há informações que o local de voto é no Consulado Brasileiro, mas no próprio site do Consulado Geral do Brasil em Lisboa não há nenhuma informação a respeito, como era de se esperar....
Se você não votar, e não justificar terá aquelas mesmas sanções que há no Brasil, não consegue tirar passaporte, não consegue fazer concurso público, paga multa, etc.
Em Portugal o imigrante residente não tem direito a voto, situação quase geral na Europa, quase porque recentemente na Alemanha os imigrantes conquistaram o direito ao voto. Caso você venha a adquirir a nacionalidade portuguesa, sem abrir mão da brasileira, ou seja, ficar com dupla nacionalidade, você pode optar por participar dos processos eleitores em Portugal, mas perderá o direito de votar no Brasil. Não para sempre, você pode sempre requerer seus direitos eleitorais brasileiro de volta.

Bom por hoje é só, qualquer coisa já sabem é só perguntar!