quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vão começar as aulas!

   Semana que vem começa o ano letivo em Portugal. Para você que pensa em fazer faculdade por aqui, sem vir com um bolsa do Brasil, atenção! Pense 2 vezes.
   Aqui todo o ensino universitário é pago, inclusive o público.
   Vamos directamente aos preços. Um curso universitário custa em média mil euros por ano, pode ser pago de uma só vez, ou em quatro vezes (há poucas variações de universidade para universidade).Atenção! Quando você entra na faculdade no Brasil, você vai fazer Bacharelado, aqui o termo usado é Licenciatura. A licenciatura no Brasil é um complemento de mais 2 anos no bacharelado para aqueles que querem dar aulas.
   Voltando aos preços. Mil euros por ano é o preço da propina, ou seja, a mensalidade anual do curso que você vai escolher. Fora isso tem inscrições, taxa disso, taxa daquilo. Os mestrados custam em torno de 2 mil euros no total, e o doutorado em torno de 6 a 8 mil. Vale lembrar que esses valores valem mais para a área de humanas, que é a minha!
   Acontece um porém. Quase a totalidade das faculdades vão pedir o reconhecimento do seu diploma (seja ele de 2º grau, de bacharelado, etc). Esse procedimento vai lhe custar mais uns 500 euritos em média, porém esse "reconhecimento" só serve para a faculdade que você está se inscrevendo. Reconhecimento não é o mesmo que equivalência.
   O processo de equivalência de um diploma é complicadíssimo, caro (você paga por volta de mil euros adiantados sem ter a certeza de que receberá a equivalência) e demorado (em média de um ano para ser concluído). Tudo isso porque no processo é avaliado todas as matérias que você fez, se estão de acordo com o curso ao qual você está pedindo equivalência. Se eles acharem que está faltando uma matéria, um conhecimento, ou sei lá o que, você terá que cursar o que falta em Portugal para poder completar a sua equivalência, ou seja, gastar mais tempo e dinheiro. Geralmente quem precisa de equivalência são as pessoas com profissões tipo enfermagem, engenheiro, arquiteto, que precisam da equivalência do diploma para poderem exercer sua profissão. Para você que tem só a intenção em dar continuidade a seus estudos basta um reconhecimento.
   Importantíssimo é trazer do Brasil seu diploma e histórico escolar carimbados pelo Consulado Português, isso vai evitar muita dor de cabeça. Também morre um dinheiro nessa história, mas se você não trouxer tudo com os devidos carimbos vai morrer em mais grana e burocracias.
   Infelizmente o processo de Bolonha, que foi o processo de mercantilização do ensino universitário europeu, afunilou economicamente o acesso as universidades, além de instrumentalizar o conhecimento acadêmico para o mercado de trabalho. Entrar em uma faculdade portuguesa não é difícil, só é preciso ter dinheiro, e no caso d@s imigrantes um pouquinho mais. O contraditório nesse processo é que, no caso das pós-graduações, você pode conseguir acesso ao curso pretendido pela análise do seu currículo, e as vezes por uma entrevista, onde vão comprovar que tens capacidades e habilidades adquiridas ao longo da vida para poder fazer a universidade. Porém nas alíneas reservadas aos estudantes estrangeiros sempre vai surgir a lenga lenga dos reconhecimento$ e equivalência$.
   Ao Brasil fica um alerta. Hoje em Portugal e na Europa se discute muito o impacto do processo de Bolonha, a queda da qualidade do ensino, estudantes endividados em bancos e outras bizarrices. O sucateamento do ensino universitário brasileiro é a estratégia primeira para tentar empurrar uma Bolonha amarga pela nossa goela. Se ainda há um movimento estudantil que fique bem atento, pois hoje os estudantes portugueses choram o tempo em que não tinham que se escravizar para estudar.

1 comentário:

  1. Olá!!!

    Tudo bem? Ainda em Portugal? Eu estou em Setúbal e encontro-me em dificuldades com o meu diploma, muitas dúvidas! Você tem um e-mail para contato?

    Abraço grande,

    Loren

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